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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que um possível adiamento na assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia pode ser benéfico para a finalização do tratado. Durante uma conversa com jornalistas, ele destacou que é importante dar mais tempo para que os agricultores europeus compreendam que não sofrerão prejuízos com o pacto.
“É válido insistir um pouco mais nesse entendimento. Não haverá prejuízo para os agricultores da Itália e França”, afirmou Haddad.
A sua declaração ocorreu antes da Comissão Europeia anunciar oficialmente que a assinatura do acordo, que estava prevista para este sábado (20) durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu (PR), foi adiada para janeiro. A resistência de países europeus, especialmente França e Itália, foi um dos fatores que levaram a essa decisão, devido à pressão de agricultores contrários ao acordo.
O ministro também mencionou que enviou uma mensagem ao presidente francês, Emmanuel Macron, ressaltando que a importância do acordo vai além da questão comercial, possuindo impacto geopolítico significativo. “O que está em jogo é um acordo de natureza política, que sinaliza ao mundo que não devemos retornar a um clima de tensão entre blocos fechados”, disse Haddad.
Ele reiterou que o texto do acordo inclui salvaguardas que garantem a proteção dos agricultores europeus e atribuiu parte da resistência à exploração política de sensibilidades internas. “Isso não corresponde ao conteúdo do acordo”, finalizou. Haddad acredita que, se os europeus necessitam de “pouco tempo” para esclarecer a situação à sua população, “vale a pena esperar”.
Em uma conversa anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou que dialogou com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que, segundo ele, não é contra o acordo, mas enfrenta obstáculos políticos internos e solicitou um prazo de até um mês para convencer os agricultores italianos. “Ela pediu paciência de uma semana, dez dias, no máximo um mês”, disse Lula.
A França tem sido um dos principais opositores ao tratado e, recentemente, buscou apoio de outros países para postergar a assinatura. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comunicou aos líderes da União Europeia que a formalização do acordo foi adiada para janeiro.
Com mais de duas décadas de negociações, o acordo entre Mercosul e União Europeia visa estabelecer uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, abrangendo cerca de 722 milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto total de aproximadamente US$ 22 trilhões.