Em novembro, 14% dos brasileiros recorreram à poupança para cobrir gastos do dia a dia, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). Embora a taxa tenha registrado uma leve queda em relação ao mês anterior, quando 14,2% dos consumidores estavam nessa situação, o índice continua em uma faixa considerada 'alta' pelo segundo mês consecutivo.

A pesquisa, parte da Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, revela que essa proporção é vista como preocupante quando fica entre 13,4% e 14,2%, com um sinal de alerta aceso se ultrapassar 14,3%. Os níveis atuais são os mais altos desde 2022.

Anna Carolina Gouveia, economista do Ibre/FGV, destacou que, apesar da leve melhora em novembro, o indicador tem mostrado deterioração nos últimos meses, refletindo um cenário de alta inadimplência e endividamento, exacerbado pela taxa de juros elevada de 15% ao ano.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,3 pontos em novembro, atingindo 89,8 pontos, o maior nível desde dezembro de 2024. Porém, Gouveia alerta que essa confiança pode ser passageira, dado o aumento da taxa de juros e a situação financeira das famílias.

Conforme a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a quantidade de famílias endividadas atingiu 79,5% em outubro, marcando um recorde na série histórica iniciada em 2010. A inadimplência também se manteve alta, com 30,5% das famílias apresentando dificuldades para honrar suas dívidas.

O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, ressalta que, apesar do bom desempenho do mercado de trabalho, a inadimplência continua crescendo devido aos juros elevados, impactando as vendas no comércio varejista.