Dólar despenca e Bolsa se valoriza após decisões do Copom e do Fed
Taxa Selic permanece em 15% ao ano, enquanto o Federal Reserve corta juros pela terceira vez consecutiva.

SÃO PAULO, SP - O dólar apresenta uma queda acentuada nesta quinta-feira (11), um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir manter a taxa Selic em 15% ao ano. A decisão, unânime, não trouxe previsões sobre o início dos cortes de juros no Brasil.
Por outro lado, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou uma redução em sua taxa pela terceira vez consecutiva, estabelecendo os juros entre 3,5% e 3,75%.
Às 12h54, a moeda americana recuava 1,1%, cotada a R$ 5,405, seguindo a tendência de baixa observada no mercado internacional. O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a seis importantes moedas, apresentava perdas de 0,48%, a 98,18 pontos.
Enquanto isso, a Bolsa de Valores teve um avanço de 0,3%, alcançando 159.559 pontos, apesar da desvalorização superior a 1% das ações da Petrobras.
O Copom optou por manter a taxa básica de juros em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, encerrando 2025 com a Selic em seu ponto mais alto em quase duas décadas. A decisão foi esperada pelo mercado, mas a ausência de indicações sobre o início do ciclo de cortes gerou frustração.
No comunicado oficial, o Copom reafirmou que a Selic deve permanecer elevada por um “período bastante prolongado”, sem suavizar a mensagem. O comitê argumentou que a estratégia vigente é necessária para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida.
O economista Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, comentou que a mudança na linguagem do comunicado permite a possibilidade de cortes já em janeiro, sem comprometer a comunicação do Copom. Por outro lado, Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, acredita que as condições para o início dos cortes não estarão presentes antes de março.
Enquanto isso, o cenário externo sugere que o Fed deve manter a taxa entre 3,50% e 3,75% em janeiro. Na última quarta-feira, o banco central dos EUA implementou um corte de 0,25 ponto percentual, conforme esperado.
Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que a política monetária está bem posicionada para responder às condições econômicas futuras e que as decisões serão tomadas reunião a reunião.
No Brasil, as tensões políticas relacionadas às eleições de 2026 continuam a gerar incertezas. Uma nova lei que reduz penas de condenados pela tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro de 2023 foi aprovada, o que pode impactar as candidaturas futuras, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Thiago Pedroso, responsável pela área de renda variável da Criteria, ressaltou que o clima institucional permanece tenso e qualquer novo ruído é rapidamente precificado pelo mercado.