Dólar sobe e Bolsa registra queda com foco no Caged e declarações de Galípolo
Mercado reage a dados de emprego e expectativas sobre juros

SÃO PAULO, SP - Nesta quinta-feira (27), o dólar teve um aumento de 0,34%, encerrando o dia cotado a R$ 5,351. A alta da moeda americana é atribuída à reação dos investidores aos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a outubro e às declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Com o mercado dos EUA fechado devido ao feriado de Ação de Graças, a aversão ao risco prevaleceu nas negociações.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 0,12%, situando-se em 158.359 pontos. Apesar do recuo, o índice alcançou 158.864 pontos na máxima do dia, renovando a marca intradiária pelo segundo pregão consecutivo.
Os dados do mercado de trabalho, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), indicaram a abertura de 85,1 mil novas vagas formais em outubro, cifra que ficou aquém das projeções de economistas, que esperavam a criação de 105 mil empregos. Este resultado é o pior para o mês na série histórica do Novo Caged, que abrange informações desde 2020.
Leonel Mattos, analista da StoneX, destacou que a desaceleração na geração de empregos pode reforçar as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Banco Central, impactando a rentabilidade dos títulos brasileiros.
No dia anterior, o dólar tinha caído 0,79%, fechando a R$ 5,333, enquanto o Ibovespa avançou 1,69%, atingindo 158.554 pontos, marcando um recorde histórico de fechamento.
A expectativa por cortes de juros tanto no Brasil quanto nos EUA incentivou o apetite por riscos, levando a Bolsa a renovar recordes por 12 dias consecutivos. Dados do IPCA-15 indicaram uma alta de 0,20% em novembro, acima da previsão de 0,18%, mas a taxa acumulada em 12 meses alcançou 4,5%, atingindo o teto da meta de inflação.
Higor Rabelo, sócio da Valor Investimentos, comentou que as informações reforçam a perspectiva de um processo de desinflação no Brasil, o que é positivo para o mercado acionário.
Entretanto, Galípolo afirmou que o Banco Central manterá a taxa de juros em 15% ao ano, o maior nível em 20 anos, até que a inflação convirja para a meta desejada. Embora tenha se mostrado otimista com o cenário, a velocidade das mudanças não é a esperada.
O cenário internacional foi marcado por liquidez reduzida devido ao feriado nos EUA, e a recente valorização do real foi impactada pela expectativa de cortes de juros pelo Fed, banco central americano. Contudo, o dólar registrou ajustes nesta quinta-feira, conforme explicado por Bruno Shahini, especialista da Nomad, que observou que a movimentação é típica diante da baixa liquidez.
Recentemente, dados sobre o desempenho da economia americana indicaram um possível enfraquecimento, e a ferramenta FedWatch do CME Group aponta uma probabilidade de 84,9% de redução da taxa de juros pelo Fed em dezembro.