Estrangeiros já representam 4% das contratações formais no Brasil; quase metade é venezuelana
Crescimento na imigração e baixa taxa de desemprego impulsionam a inserção de trabalhadores estrangeiros no mercado brasileiro.

Em um cenário de aumento da imigração de países latino-americanos para o Brasil e com a taxa de desemprego em seu menor nível histórico, os estrangeiros já correspondem a 4% das contratações no mercado formal de trabalho no país. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que, entre janeiro e outubro de 2025, o saldo de admissões de estrangeiros superou as demissões em 73,4 mil, em um total de 1,8 milhão de novas vagas.
O número de contratações de estrangeiros neste ano é maior do que os 71,1 mil registrados em todo o ano passado e representa um aumento de 196,2% em relação a 2020, quando a série do Caged começou a ser calculada com a atual metodologia.
Os principais grupos de estrangeiros contratados até agora são os venezuelanos, que somam 47,8% do total, seguidos por haitianos (8,2%), argentinos (4,8%) e paraguaios (4,3%).
A trajetória de crescimento dessas contratações está relacionada ao fluxo migratório intenso para o Brasil desde 2010. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, entre 2010 e 2025, 182,2 milhões de estrangeiros entraram no país, enquanto 184,2 milhões deixaram, resultando em um saldo negativo de mais de 2 milhões.
Bruno Imaizumi, economista da 4intelligence, explica que a maior disponibilidade de mão de obra estrangeira está ocorrendo em um contexto de queda da taxa de desemprego, que atingiu 5,4% no trimestre encerrado em outubro deste ano, o menor índice desde 2012.
Os setores com maior demanda por trabalhadores estrangeiros incluem funções como alimentador de linha de produção, faxineiro, açougueiro e servente de obras, refletindo a escassez de mão de obra local para essas atividades.
O Censo 2022 do IBGE indica que a presença de venezuelanos no Brasil cresceu de 2.900 para 271,5 mil entre 2010 e 2022, em decorrência da crise socioeconômica na Venezuela sob o governo de Nicolás Maduro. Diversos relatos de imigrantes, como o de Maria Hernandez, evidenciam a busca por melhores condições de vida e trabalho no Brasil.
No Sul do Brasil, 25,9 mil venezuelanos conseguiram emprego formal entre janeiro e outubro de 2025, com Santa Catarina liderando as contratações. A adaptação à nova realidade nem sempre é fácil, mas muitos relatam que a estabilidade no emprego é uma conquista significativa após a migração.