segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Estudo revela que 68,8% dos adolescentes deixaram o Bolsa Família até 2025

Pesquisa da FGV aponta alta taxa de saída entre beneficiários jovens do programa.

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Estudo revela que 68,8% dos adolescentes deixaram o Bolsa Família até 2025
Foto: Divulgação

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada nesta sexta-feira (5), revelou que 68,8% dos adolescentes entre 11 e 14 anos que eram beneficiários do Bolsa Família em dezembro de 2014 deixaram o programa até outubro de 2025. Entre aqueles com idades de 15 a 17 anos, essa taxa foi ainda maior, atingindo 71,25%. No total, a taxa de saída dos beneficiários, independentemente da faixa etária, foi de 60,68% nesse mesmo período.

A pesquisa, intitulada "Filhos do Bolsa Família: Uma Análise da Última Década do Programa", utilizou dados do governo federal e acompanhou famílias cadastradas no Cadastro Único, cruzando informações de identificação entre 2014 e 2025. Além disso, o estudo consultou a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) para avaliar a inserção dos ex-beneficiários no mercado de trabalho formal.

Segundo Valdemar Pinho Neto, economista e coordenador do estudo, a alta taxa de saída entre os jovens beneficiários sugere um desafio à sustentabilidade do programa. Ele destacou que, embora os recursos sejam limitados nas famílias e no governo, a saída dos jovens do Bolsa Família pode indicar uma melhoria nas condições de vida.

O estudo também identificou que a taxa de saída foi maior entre crianças e adolescentes de áreas urbanas (67,01%) em comparação às rurais (55,46%). Além disso, aqueles que pertenciam a famílias que atuavam na agricultura apresentaram uma taxa de saída menor (53,73%) do que os de outras atividades (69,73%).

O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, participou da apresentação do estudo e reforçou que o objetivo dos programas de transferência de renda é inicialmente combater a fome. Ele ressaltou que, uma vez superada essa etapa, é fundamental que as pessoas consigam estudar e trabalhar para superar a pobreza.

Os dados mostraram que, entre os que deixaram o programa, 79,40% tinham um responsável na família empregado com carteira assinada, enquanto 65,54% eram referenciados por trabalhadores autônomos. O estudo também sugere que a próxima geração de filhos de beneficiários do Bolsa Família poderá ter melhores oportunidades de mobilidade social, dependendo do acesso ao mercado de trabalho e da qualidade dos vínculos empregatícios.

Além disso, foi observado que crianças e adolescentes cujos responsáveis tinham ensino médio completo apresentaram uma taxa de saída maior (69,94%) em comparação àqueles cujos responsáveis não tinham completado o ensino fundamental (57,59%). A pesquisa também revelou que a taxa de saída foi mais alta entre os homens (71,46%) em relação às mulheres (55,86%). No que se refere à cor ou raça, a taxa foi maior entre brancos (71,78%) do que entre pretos (63,78%), amarelos (63%), pardos (61%) ou indígenas (44%).

Recentemente, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados indicando que as taxas de pobreza e extrema pobreza no Brasil diminuíram em 2024 pelo terceiro ano consecutivo, associando a redução ao fortalecimento do mercado de trabalho e à continuidade dos benefícios sociais como o Bolsa Família. No entanto, as disparidades regionais e de raça ainda persistem no país.