Giorgia Meloni considera prematuro acordo entre UE e Mercosul
Primeira-ministra italiana pede garantias para o setor agrícola antes da assinatura do tratado.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou nesta quarta-feira (17) que é "prematuro" para a União Europeia firmar um acordo comercial com o Mercosul. Em discurso ao Parlamento italiano, Meloni destacou a necessidade de garantias adequadas de reciprocidade, especialmente no que diz respeito ao setor agrícola.
A primeira-ministra expressou otimismo de que as condições necessárias para a assinatura do acordo possam ser alcançadas no início do próximo ano.
A expectativa era de que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitasse o Brasil no próximo sábado (20) para oficializar o acordo, que foi negociado por 25 anos com os países do Mercosul, que inclui Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No entanto, a assinatura depende da aprovação do Conselho da UE, que reúne os 27 países membros. A França já se posicionou contra o acordo e conta com o apoio da Polônia e da Hungria, criando uma situação de quase minoria de bloqueio no conselho.
Para barrar a proposta, são necessários pelo menos quatro países e uma representação de 35% da população da UE, sendo a Itália um desses países. Se Áustria e Irlanda, que já demonstraram apoio à França, se unirem à minoria, a Dinamarca, que preside temporariamente a UE, pode não levar o acordo à votação na quinta-feira, atendendo ao pedido de adiamento.
Buscando convencer os franceses, o Parlamento Europeu aprovou na terça-feira (17) um texto com salvaguardas adicionais, que visam amenizar a resistência da França, principal oponente do tratado. A nova regra é mais rígida do que a proposta inicial, com Bruxelas se comprometendo a investigar flutuações de preços superiores a 5% em produtos sensíveis, em vez dos 10% do texto anterior. Além disso, os produtos do Mercosul poderão ser sancionados caso não atendam aos rigorosos padrões sanitários e ambientais da Europa.
Enquanto a América do Sul busca o acordo para exportar produtos agrícolas, a Europa se interessa por tarifas mais baixas ou isentas na importação de veículos, máquinas, serviços e vinhos. A França teme a concorrência entre seus agricultores e os do Mercosul, sendo a posição da Itália crucial nas etapas finais do processo. A expectativa é de que o pacto seja assinado no próximo sábado (20).