Preço do petróleo despenca para menos de US$ 60, o menor valor desde maio
Queda é impulsionada por avanços nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia

SÃO PAULO, SP - O preço do barril de petróleo Brent, referência global, sofreu uma queda superior a 2% nesta terça-feira (16), sendo negociado a US$ 59,03 (R$ 320,82) por volta das 13h (horário de Brasília). Este é o menor valor registrado em sete meses, desde que atingiu US$ 58,50 em 5 de maio. A queda é atribuída aos progressos nas conversações para o término do conflito entre Rússia e Ucrânia, além das expectativas de aumento na oferta do produto.
Simultaneamente, o barril de WTI (West Texas Intermediate), utilizado nos Estados Unidos, apresentava uma redução de 2,64%, sendo cotado a US$ 55,32 (R$ 300,65), o que representa o menor nível em quase cinco anos, às 13h.
A euforia no mercado foi impulsionada por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na segunda-feira (15) afirmou que o país está “mais perto do que nunca” de um acordo para encerrar o conflito na Ucrânia. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, também comemorou os avanços nas tratativas com os EUA.
Especialistas do setor afirmam que um eventual acordo de paz na Ucrânia poderia ter um impacto significativo a curto prazo no mercado de petróleo, especialmente com o possível levantamento das sanções aplicadas ao petróleo russo. Martijn Rats, estrategista global de commodities do Morgan Stanley, destacou que “uma quantidade significativa de petróleo está presa em cadeias de suprimentos longas”.
Embora a maior parte do petróleo da Rússia continue acessando o mercado, os navios-tanque têm sido obrigados a percorrer distâncias bem maiores até portos na Índia e na China. Rats explicou que se as rotinas comerciais históricas forem retomadas, isso pode resultar em uma “liberação de estoques”, com dezenas ou até centenas de milhões de barris disponíveis no mercado.
No entanto, ele alertou que os investidores podem estar se precipitando, lembrando que situações semelhantes ocorreram anteriormente, mas acabaram sendo prematuras. A consultoria Energy Aspects não prevê um “acordo de paz rápido”, considerando as últimas negociações como uma incógnita geopolítica crucial para o mercado de petróleo, especialmente durante o período de Natal e Ano Novo, quando o volume de negociações tende a ser mais baixo.
A recente queda nos preços do petróleo é resultado de uma pressão contínua, com o Brent enfrentando cinco meses consecutivos de desvalorização, a maior sequência em 11 anos. O preço está cerca de US$ 20 por barril abaixo do valor registrado no início do ano, em meio a temores de uma superoferta iminente.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a produção global deve aumentar em 3 milhões de barris por dia até 2025, impulsionada pela Opep e por países fora do cartel, como EUA, Canadá, Brasil e Argentina. Apesar de a Opep ter contido seus planos de expansão e a oferta ter diminuído no mês passado devido a sanções contra a Rússia e a Venezuela, a AIE ainda prevê um excedente médio de 3,7 milhões de barris por dia em 2026, maior do que o observado durante a pandemia.