Bolsa Brasileira Alcança 150 Mil Pontos em Dia de Expectativas sobre Juros
Investidores aguardam decisões do Copom e sinalizações do Fed para o futuro econômico.

SÃO PAULO, SP - A Bolsa de Valores do Brasil ultrapassou a marca de 150 mil pontos pela primeira vez nesta segunda-feira (3), logo após o início das negociações. Este novo recorde representa não apenas uma conquista significativa, mas também um importante marco psicológico para os investidores, que esperam novas valorizações no mercado.
Às 14h06, o Ibovespa registrava uma alta de 0,44%, alcançando 150.206 pontos, após ter atingido a máxima de 150.634 pontos durante o pregão. O dólar, por sua vez, apresentava uma queda de 0,3%, sendo cotado a R$ 5,363.
O dia é marcado pela expectativa em relação à taxa de juros do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, bem como pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic no Brasil. Em um cenário de agenda econômica reduzida, o mercado observa atentamente os desdobramentos da semana.
Os investidores estão de olho no relatório de emprego ADP dos EUA, que será divulgado na quarta-feira e que mede a criação de vagas no setor privado. Este relatório é um dos poucos indicadores disponíveis para avaliar a saúde da economia norte-americana, especialmente em um momento em que a paralisação do governo americano afeta a divulgação de dados econômicos oficiais.
A situação é delicada para o Fed, que depende de dados econômicos para suas decisões de política monetária. Na última reunião, o banco central optou por cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa para a faixa de 3,75% a 4%. A decisão foi aprovada por 10 votos a 2, com divergências sobre a magnitude do corte.
As novas reduções nas taxas de juros não são garantidas, como destacou o presidente do Fed, Jerome Powell, que enfatizou a necessidade de cautela em meio à incerteza.
Para o Brasil, a situação se complica ainda mais com o diferencial de juros. A queda da taxa nos EUA, se acompanhada da manutenção da Selic em patamares elevados, pode incentivar a estratégia de 'carry trade', onde investidores tomam empréstimos em mercados com juros baixos para investir em mercados com juros altos, como o brasileiro.
A reunião do Copom, que ocorre entre terça e quarta-feira, é crucial, pois a taxa Selic está atualmente em 15% ao ano. O consenso entre os economistas é de que a taxa deve ser mantida até o final do ano. A mensagem do Copom é clara: a Selic deve permanecer elevada por um período prolongado para controlar a inflação, que atualmente está acima da meta.
Recentemente, o IBGE revelou que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre até setembro, o menor nível desde 2012, o que indica um mercado de trabalho aquecido. Com a massa salarial em alta, a pressão sobre a inflação deve continuar, levando o mercado a prever que o primeiro corte da Selic ocorra apenas no segundo trimestre de 2026.
Essa expectativa de juros elevados por mais tempo tende a beneficiar o diferencial de juros do Brasil, atraindo investimentos estrangeiros.