Alexandre Ramagem afirma ter apoio do governo Trump enquanto está nos EUA
Deputado, condenado por envolvimento em trama golpista, alega perseguição política

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação em uma trama golpista e está sob um mandado de prisão, declarou estar "seguro" nos Estados Unidos, contando com a "anuência" do governo de Donald Trump.
Em entrevista ao programa Conversa Timeline, apresentado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, em fuga da Justiça brasileira desde 2021, Ramagem afirmou: "Que bom que temos um amigo que está em segurança e a salvo aqui nos EUA. Então, a gente tem esse apoio dos norte-americanos".
Este foi o primeiro pronunciamento do deputado desde que deixou o Brasil em setembro. Ele se descreveu como vítima de uma "grave perseguição política" e justificou sua saída do país para evitar que suas filhas presenciassem sua prisão. Ramagem também comparou sua situação à de Donald Trump e disse ter sido "abraçado" pelo governo do ex-presidente republicano.
O deputado criticou o ministro Alexandre de Moraes e se referiu à prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ocorrida no último sábado, como "a consumação de toda a perseguição política". Bolsonaro admitiu ter danificado a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda.
De acordo com investigações da Polícia Federal, Ramagem teria deixado o Brasil por Boa Vista (RR), possivelmente cruzando a fronteira para a Venezuela ou Guiana, antes de seguir para os Estados Unidos. Relatos indicam que ele reside atualmente em um condomínio de luxo em Miami juntamente com sua esposa, Rebeca Ramagem. A PF abriu uma investigação para rastrear o trajeto e apurar possíveis crimes relacionados à sua saída irregular do país.
No domingo, Rebeca Ramagem compartilhou um vídeo nas redes sociais mostrando o reencontro da família em um aeroporto americano, afirmando que viajou com as filhas "para proteger a família" e alegou que o marido enfrenta uma "perseguição desumana". Ela também expressou preocupações quanto à imparcialidade do sistema judicial brasileiro, afirmando que Ramagem é vítima de lawfare, conceito que descreve o uso político do sistema legal.
A Câmara dos Deputados comunicou que não autorizou qualquer missão oficial do parlamentar no exterior. Ramagem apresentou atestados médicos que justificam sua ausência das atividades legislativas entre 9 de setembro a 8 de outubro e de 13 de outubro a 12 de dezembro. Após a fuga ser noticiada, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva de Ramagem. A PF continua monitorando o deputado nos Estados Unidos e avalia mecanismos de cooperação internacional para o caso.
A Primeira Turma do STF formou maioria para manter a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, destacando descumprimento de medidas cautelares, risco de fuga e afronta à autoridade judicial.