O ex-presidente Jair Bolsonaro está vendo sua influência política diminuir, à medida que Luiz Inácio Lula da Silva ganha força nas pesquisas e o Supremo Tribunal Federal (STF) intensifica a pressão sobre ele. O cenário se agrava com as impasses em torno do PL da Dosimetria, que visava amenizar as penas para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, e a reabertura do diálogo entre o governo federal e Donald Trump.

A situação de Bolsonaro é complicada, considerando que ele enfrenta uma condenação a 27 anos e três meses de prisão. O ex-presidente apresentou um dos últimos recursos possíveis antes que o relator Alexandre de Moraes e os demais ministros da Primeira Turma decidam sobre sua prisão, com o julgamento agendado para 7 de novembro.

Politicamente, a situação de Bolsonaro também é complicada no Congresso. O PL da Dosimetria, que poderia beneficiá-lo, está estagnado, em parte devido à falta de apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, aliado de Lula. Mário Heringer, líder do PDT na Câmara, afirmou que a proposta perdeu força, enquanto o oposicionista Zucco (PL-RS) defende que o projeto ainda está na pauta do partido.

Leandro Consentino, cientista político do Insper, aponta que a perda de tração do projeto deve-se a uma série de fatores, incluindo uma operação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que trouxe a segurança pública de volta às discussões na Câmara. Segundo ele, o projeto está perdendo relevância e não agrada nem a esquerda nem a direita.

Além disso, a PEC da Blindagem, que foi aprovada na Câmara, mas rejeitada no Senado, aumentou a percepção de que a aprovação do PL da Dosimetria depende do apoio dos senadores, complicando ainda mais a situação de Bolsonaro.

O diálogo entre Brasil e Estados Unidos foi restabelecido após meses de negociações, culminando em um encontro entre Lula e Trump na Malásia. Antonio Lavareda, cientista político, acredita que essa habilidade de Lula em transformar tensões em diálogo é um fator que contribui para sua recuperação de popularidade.

O crescimento de Lula nas pesquisas também reconfigura o cenário político, dificultando a ascensão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como uma alternativa à direita. Isso, por sua vez, isola ainda mais Bolsonaro e diminui as chances de uma guinada à direita em 2027.

Os especialistas concordam que a combinação desses fatores enfraquece Bolsonaro, deixando seu futuro político cada vez mais incerto. Leandro Consentino observa que, embora Bolsonaro ainda tenha algum capital político, este está em declínio, e sua influência sobre a direita está se esvaindo.