Divisões na Aliança União Brasil-PP Aumentam em Meio a Crises e Desfiliações
Lideranças políticas expressam preocupação com as investigações que cercam os principais nomes da federação, que enfrenta descontentamento interno.

BRASÍLIA, DF - A federação entre União Brasil e PP, anunciada há sete meses, enfrenta crescentes divergências regionais e um clima de apreensão entre seus integrantes, especialmente devido à proximidade de líderes da aliança com o banqueiro Daniel Vorcaro e o empresário Ricardo Magro, ambos sob investigação.
Os presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, estão no centro da controvérsia, pois suas ligações com Vorcaro, preso no dia 17 de outubro por suposta emissão de títulos de crédito falsos, podem prejudicar a imagem da federação e impactar as candidaturas da direita.
Além disso, na última quinta-feira (27), a Receita Federal, em parceria com polícias estaduais, desencadeou uma operação contra o Grupo Fit (anteriormente conhecido como Refit) e seu controlador, Ricardo Magro, investigados por crimes como sonegação e fraude, com supostos prejuízos de R$ 26 bilhões.
Embora Ciro Nogueira tenha se posicionado como um dos principais defensores da federação, a situação atual levanta dúvidas sobre a viabilidade política da aliança. Os congressistas do centrão temem que os escândalos repercutam nas candidaturas da federação.
Por outro lado, membros do PP e do União Brasil minimizam essas preocupações, ressaltando que Vorcaro tinha relacionamentos amplos com políticos de diversos partidos. Ciro Nogueira e Rueda não comentaram sobre as investigações.
As tensões internas também se refletem nas disputas por liderança nos diretórios do país, com estados como o Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro ainda sem definição de comando. A federação exige que União Brasil e PP apresentem chapas conjuntas nas próximas eleições, mas as desavenças entre os líderes podem dificultar esse processo.
Um dos impactos das investigações já é visível: Ciro Nogueira alterou seu foco político, abandonando planos para ser vice na chapa opositora de Lula em 2026 e priorizando sua candidatura ao Senado pelo Piauí. A aliança, que foi criada com a ambição de destacar-se nas eleições presidenciais, agora se concentra em garantir o maior número de cadeiras no Congresso.
Desfiliações já começaram a ocorrer devido a disputas estaduais, como a do senador Alan Rick, que deixou o União Brasil para concorrer ao governo do Acre pelo Republicanos. No Paraná, conflitos entre grupos têm levado outros deputados a se afastar da federação. Apesar das dificuldades, as lideranças das duas siglas afirmam que a federação é irreversível, com planos de formalizar a aliança para as eleições de 2026, apesar dos desafios burocráticos enfrentados.