segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Governadores e a Retórica da Violência: Críticas ao Combate ao Crime

Especialistas alertam sobre a linguagem utilizada em operações policiais no Brasil.

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Governadores e a Retórica da Violência: Críticas ao Combate ao Crime
Foto: Divulgação

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As recentes operações policiais no Rio de Janeiro, que culminaram na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais, geraram uma onda de críticas sobre a retórica utilizada por governadores em relação ao combate ao crime. Alinhados ao governador fluminense, Cláudio Castro, sete governadores de direita formaram o chamado “Consórcio da Paz”, que visa integrar esforços contra o crime organizado.

No entanto, especialistas como o sociólogo Ignacio Cano, da UERJ, apontam que o nome do consórcio é enganoso. Para ele, o termo deveria ser “Consórcio da Morte”, refletindo a letalidade das operações. Cano ressalta que a utilização de tal linguagem pode resultar em uma associação negativa para os governadores, que já enfrentam críticas pela alta taxa de homicídios em seus estados.

Além dos governadores do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal, outros especialistas também criticaram o uso de termos como “narcoterrorismo” para descrever facções criminosas. Jacqueline Muniz, professora da UFF, argumenta que essa terminologia não apenas confunde, mas também serve para justificar um aumento no orçamento e poder das forças de segurança sem a devida prestação de contas.

O Projeto de Lei 724/25, que visa ampliar a definição de terrorismo para incluir o tráfico de drogas, está em tramitação na Câmara dos Deputados, levantando preocupações sobre possíveis consequências legais e sociais. A proposta já foi aprovada na Comissão de Segurança Pública e aguarda análise de outras comissões.

A pressão internacional também tem influenciado o debate. Governos da Argentina e do Paraguai, por exemplo, começaram a classificar organizações criminosas como terroristas, uma mudança que, segundo especialistas, poderia fragilizar a democracia no Brasil e abrir espaço para intervenções externas.

Os debates sobre segurança pública no Brasil estão longe de serem simples, e a linguagem utilizada pelas autoridades é crucial para compreender as implicações dessas políticas. O que se observa é uma crescente militarização das abordagens, que muitos consideram um caminho perigoso para a sociedade.