Hugo Motta revela mudança na cassação de Alexandre Ramagem para evitar conflito com o STF
Presidente da Câmara defende a decisão da Mesa e critica motins na Casa

BRASÍLIA, DF - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou que a cassação do ex-deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi realizada por meio de uma decisão da Mesa Diretora, ao invés de ser submetida ao plenário, como forma de prevenir um novo embate com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista concedida a jornalistas nesta sexta-feira (19), Motta demonstrou firmeza ao se referir ao motim de parlamentares bolsonaristas e à ocupação de sua cadeira pelo deputado suspenso Glauber Braga (PSOL-RJ), afirmando que a presidência da Câmara deve ser respeitada.
A mudança na abordagem de Motta em relação à cassação de Ramagem se deu após as recentes controvérsias envolvendo a perda de mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que, assim como Ramagem, foi condenada pelo STF. A Corte determinou que a Câmara deveria cumprir a cassação, enquanto Motta inicialmente sustentou que a decisão final deveria ser do plenário.
“A questão do Ramagem, que estava prevista para ir ao plenário, por decisão dos líderes e dos membros da Mesa, e para evitar um novo episódio de conflito, houve uma decisão de decidir isso pela Mesa”, explicou. O presidente da Câmara também destacou que deseja resolver as pendências relacionadas a cassações antes de 2026 para não prejudicar a convivência no legislativo.
Até o momento, apenas os casos de Glauber e Zambelli foram apreciados pelo plenário. A suspensão de Glauber, que agrediu um militante, foi decidida pelos deputados, enquanto a maioria salvou o mandato de Zambelli, que posteriormente teve sua perda de mandato confirmada pelo STF.
Eduardo Bolsonaro, que se encontra nos EUA desde março, teve seu mandato cassado pela Mesa devido ao número excessivo de faltas. A decisão sobre Ramagem foi fundamentada em suas faltas futuras, pois ele se encontra fora do país e enfrenta um mandado de prisão.
Motta não esclareceu as diferenças entre os tratamentos dados a Zambelli e Ramagem e se houve incoerência nas decisões. Ele reafirmou que, independentemente da situação, a presidência da Câmara deve ser respeitada.
O presidente também comentou sobre a atuação do Conselho de Ética, esperando que eles punam os envolvidos no motim, e ressaltou que houve tentativas de atrasar o processo, o qual será finalizado apenas no próximo ano.