Moraes retoma julgamentos sobre os ataques de 8 de Janeiro e mantém discordâncias com Fux
Ministro do STF pauta 45 casos após a saída de Fux da Primeira Turma, que continua a pedir vistas em ações relacionadas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou a retomada dos julgamentos de réus envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro, após a saída do ministro Luiz Fux da Primeira Turma da corte. O diálogo entre os dois ministros permanece tenso, com Fux solicitando vistas e atrasando processos desde o final de outubro.
A mudança na composição da Primeira Turma do STF não alterou a controvérsia em torno dos casos relacionados à invasão das sedes dos Poderes. Moraes havia suspendido os julgamentos de processos ligados a esses eventos no início do segundo semestre, após Fux alterar sua postura sobre a tentativa de golpe de Estado.
Durante mais de um ano, Fux havia votado pela condenação de mais de 100 acusados que participaram dos ataques ou que foram detidos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Contudo, a partir de março, ele pediu vistas em casos, como o da cabeleireira Débora Rodrigues, que vandalizou a estátua "A Justiça".
Após mudar sua posição, Fux passou a interromper julgamentos relacionados ao golpe, o que levou Moraes a deixar os processos na gaveta enquanto avançava com a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos.
Com a saída de Fux da Primeira Turma no dia 22 de outubro, Moraes imediatamente anunciou a retomada dos julgamentos. Ele pautou 45 casos sobre os ataques de 8 de Janeiro para o plenário virtual, onde votou pela condenação de todos os réus. Além disso, liberou recursos de 21 condenados nos dias 24 e 31 de outubro, mas Fux pediu vistas novamente, interrompendo o andamento.
Uma fonte próxima ao tribunal revelou que o pedido de vista de Fux foi mal recebido por alguns colegas, uma vez que ocorreu no último dia de julgamento, com um resultado já fixado em 9 a 0. Fux, por sua vez, defende que suas ações são normais e que está dedicando mais tempo para analisar os casos.
A saída de Fux da Primeira Turma ocorreu após um período de isolamento em suas decisões sobre o golpe, culminando em uma discussão com o ministro Gilmar Mendes. Embora tenha expressado o desejo de continuar participando dos julgamentos, Fux não formalizou o pedido e já assumiu uma nova posição na Segunda Turma.
Atualmente, a Primeira Turma conta com os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. A vaga deixada por Fux poderá ser preenchida pelo próximo indicado do presidente Lula, Jorge Messias, ainda aguardando aprovação do Senado.
O senador Davi Alcolumbre criticou a situação, afirmando que a prerrogativa do Senado em aprovar ou rejeitar nomes é tão válida quanto a do presidente em indicar ministros ao STF.